Posts Tagged ‘escritores brasileiros

21
fev
09

Imaginação, por Millôr Fernandes

millor

Aqui sozinho, toda a história da humanidade e da vida rolam diante de mim.

Respiro o ar inaugural do mundo, o perfume das rosas do Éden ainda cheias de originalidade. A primeira mulher colhe o primeiro botão;

Vejo as pirâmides sendo erguidas, o rosto da esfinge pela primeira vez iluminado pela lua cheia que sobe no oriente;

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06
fev
09

Livro: Xadrez, Truco e Outras Guerras (José Roberto Torero)

exercito

Creditos da imagem: site anti-“exército obrigatorio” que não me lembro… mas com certeza não foi deste jornalista confuso.

Com humor corrosivo, José Roberto Torero reescreve a história da Guerra do Paraguai como um capricho de poderosos entediados e diz que só o soldado raso possui sentimento genuíno…

Titulo original: "A ira dos ordinários"

A vida pode ser uma história contada por um idiota, como quer Shakespeare, mas é melhor que seja um idiota alegre do que um idiota triste. O primeiro não filosofa, apenas ri, mostrando os dentes. Torero tem mais simpatia por ele, o otimista, o idiota alegre incapaz de perceber que a vida é apenas "um susto entre o nascer e o morrer", como defende o escritor, autor do livro "Xadrez, Truco e Outras Guerras" (Editora Objetiva, 184 páginas).

O que distancia Shakespeare de Torero não é, portanto, uma visão pessimista da humanidade, mas o humor corrosivo. Quem mais seria capaz, hoje, no Brasil, de descrever a Guerra do Paraguai como um capricho de entediados poderosos? Torero, que já dedicou seu primeiro livro, "O Chalaça", a uma quase obscura figura da história brasileira, o conselheiro do imperador dom Pedro I, e o segundo, "Terra Papagalli", ao degredado Cosme Fernandes, seminarista que construiu um porto de escravos em São Vicente.

Como se vê, Torero é o professor de história que nenhuma escola conservadora gostaria de ter. Depois de identificar o chalaça do imperador como o verdadeiro responsável pelo grito da Independência (além de aliciador de prostitutas para a corte) e insinuar que o Brasil foi construído por seminaristas traficantes de negros, Torero volta a provocar com a sua nada exemplar história do soldado. Ou melhor, de soldados. Torero não poupa nenhuma patente para demonstrar sua tese: quanto mais ordinária a condição do soldado, maior a sua ira.

Projeto da Editora Objetiva, que encomendou livros sobre os outros seis pecados capitais a renomados escritores (Ariel Dorfman, entre eles), "Xadrez, Truco e Outras Guerras", como os livros anteriores de Torero, não pretende ser um exemplo de exatidão histórica. Para o escritor, a história só existe mesmo para ser reinventada. Torero não é antiquário para recuperar o passado envernizando móveis devorados por cupins. Antes, ele usa o passado para entender o presente. E "Xadrez, Truco e Outras Guerras" é uma bela parábola sobre como o Brasil trata seus parceiros abaixo do Equador.

"Inicialmente, pensei em escrever um livro sobre Caxias, porque sempre achei estranho esse culto ao soldado, mas ele não se encaixava nessa história de ira, por ser apenas um estrategista", justifica Torero. O escritor estava empenhado em demonstrar sua tese: quanto maior a patente, mais longe está da guerra e, portanto, menor a sua ira. O coronel vai à luta por vaidade, o capitão para trocar de patente e o soldado, por necessidade de sobrevivência. No fim, o rei, após derrotar um pequeno e insignificante país vizinho, prepara-se para invadir outro minúsculo porto de bananas. Ao soldado, que perdeu a perna, só lhe resta a ira.

"É um sentimento genuíno e cotidiano, que tanto atinge o deus do Velho Testamento como os que acompanham as pesquisas de intenção de voto para governador no segundo turno", diz, justificando a escolha desse pecado capital como tema de seu livro. Torero transfere para o leitor a ira do soldado diante da indiferença do mundo e de seus superiores. Ira não é, também, um sentimento estranho a Torero. Aceitou, por exemplo, a encomenda de uma conhecida produtora para escrever o roteiro de um filme e não foi pago até hoje. "Isso me deixou irado", diz.

Entrevista de Antônio Gonçalves Filho, Fonte: AN

“…” significa que a entrevista continua, mas como o texto está desatualizado, preferi tirar esta parte.

O livro é muito bom, J.R.Toreto tem um ótimo senso de humor. Além deste “Xadrez Truco e Outras Guerras”, eu li tambem “Vermes: Uma Comédia Politica” e “O Chalaça” – são 2 livros impagáveis de tão engraçados e irônicos.




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